Barco Varino Liberdade Associação de Turismo Militar Português - ATMPT

Se procura uma experiência diferente num ambiente calmo e tranquilo, aproveite para passear no Barco Varino Liberdade que proporciona viagens no rio Tejo, com ligação ao arranque da 1ª linha defensiva das Linhas de Torres.

De proa redonda e fundo chato, com 18 metros de comprimento, 40 toneladas de arqueação bruta e duas velas (a de estai e a latina quadrada), este é um barco varino cuja tripulação é composta por um arrais ao comando de dois ou três marinheiros.

Construído em Abrantes em 1945 e batizado com o nome “Campino”, destinava-se ao transporte de mercadorias no rio Tejo. Durante os anos 60 passou a transportar cargas de lixo de Lisboa para a margem sul e, mais tarde, sal no rio Sado. Ainda nessa década o transporte fluvial entrou em decadência e a embarcação, entretanto batizada de “Rio Zuari”, foi afundada. A 25 de abril de 1988, já recuperada e na posse da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, foi rebatizada de “Liberdade” e tornada Núcleo Museológico, permitindo a realização de visitas a bordo entre março e outubro.

Após oito meses de navegação, à semelhança de todas as embarcações deste tipo, o Liberdade recolhe à doca seca para manutenção, pintura e cuidados especiais entre novembro e fevereiro de cada ano.

Nas viagens realizadas para sul, é possível ao visitante usufruir da paisagem, contemplando o arranque da primeira linha defensiva das Linhas de Torres que principiava precisamente no rio Tejo e o Monumento das Linhas de Torres, no alto da Serra sobre a vila de Alhandra.

RIO TEJO AO TEMPO DAS INVASÕES FRANCESAS

À época das Invasões Francesas, na região de Vila Franca passavam 2 vias privilegiadas de acesso à capital do reino, que eram muito cobiçadas por Napoleão Bonaparte. O grande rio Tejo, no qual se transportavam, desde longa data, pessoas e mercadorias e paralelamente a este a Estrada Real de D. Maria I que ia de Santarém a Lisboa.
Foi por esta via que em 1807, os soldados de Junot (por ocasião da 1ª invasão francesa) atingiram rapidamente Lisboa, falhando por pouco o aprisionamento da família real portuguesa, acabada de embarcar rumo ao Brasil.
Remontemos a outubro de 1810 e procuremos imaginar as investidas da cavalaria francesa pela estrada ribeirinha, tentando perceber as fortificações que se erguiam na serra a norte da vila de Alhandra, que por sua vez estava completamente barricada e ocupada por tropas portuguesas.

Nesse mês, nos dias 14 e 16, deram-se 2 combates à entrada da vila. As patrulhas francesas tentaram progredir pela estrada real em direção a Alhandra, mas foram obrigadas a recuar perante a resistência do Regimento português de Infantaria 12.
A defesa de Alhandra e do Tejo era uma preocupação constante do duque de Wellington, que não hesitou em colocar canhões no alto da igreja matriz, que domina a vila. Teve ainda a ideia de colocar peças de artilharia no mouchão de Alhandra, para impedir o avanço das tropas invasoras pela margem do Tejo, mas cedo concluiu que era mais eficaz uma defesa constituída por baterias flutuantes. Assim, naqueles dias
chuvosos de outubro de 1810, uma flotilha de corvetas da Royal Navy e lanchas canhoneiras patrulhavam atentamente as águas em torno do mouchão, vigiando a estrada real. A partir das águas do rio, onde nos encontramos, percebemos melhor essa posição estratégica de Alhandra e a vigilância que se fazia a partir daqui à estrada paralela ao rio.
Um dos episódios que recorrentemente se conta foi o da morte do general de cavalaria francês Sainte-Croix. Sainte-Croix defendia convictamente um ataque direto às Linhas e durante um reconhecimento junto ao rio, perto de Vila Franca, acabou por ser morto pelo tiro certeiro de uma lancha canhoneira, perda que foi muito sentida pelo marechal Massena, que lhe reconhecia muito valor.

Quem se detenha, a partir do rio ou de Alhandra na paisagem da cumeada onde nos encontramos, onde se situavam os fortes no arranque da 1ª linha defensiva, consegue avistar, aqui no alto da serra a imponente coluna de mármore rosa que sustenta a escultura do guerreiro Hércules – e que é na verdade o Monumento aos Defensores das Linhas de Torres.
Este monumento, comumente conhecido por Monumento a Hércules foi projetado pelo tenente-coronel da Artilharia Joaquim da Costa Cascaes, por indicação do Marquês de Sá da Bandeira, em 1870. Em agosto de 1874, o projeto é aprovado e em novembro o fuste de coluna, com quase 8 metros de altura, proveniente de Pêro Pinheiro e transportado através de comboio de Lisboa até Alhandra e depois, em carros puxados
por juntas de bois.
No ano seguinte iniciam-se os trabalhos, a 29 de maio é colocado o fuste de coluna e a 7 de junho a estátua do Hércules, conforme nos atesta a data junto à assinatura do seu autor – o escultor Simões de Almeida – na base da escultura.
Estamos aqui na presença da clássica figura grega de Hércules, representada com 3 dos seus mais conhecidos atributos, (a barba, a pele do leão e a clava) foi executada pelo escultor Simões de Almeida, seguindo a inspiração do Hércules de Farnese sugerido por Costa Cascaes. A escolha da figura do Hércules tinha por objetivo representar a força e a coragem dos exércitos aliados, detendo nas Linhas de Torres os soldados de Napoleão.
E, termos estratégicos, não estava inicialmente pensada para Alhandra uma posição defensiva importante, mas esta zona acabou por se converter no mais elaborado centro de resistência das Linhas. A evolução da construção da defesa da vila exprime o contraste absoluto entre a diretiva inicial de Wellington, em outubro de 1809 (quando é escrito o memorando para a construção das linhas) e o que veio a ser construído no
terreno.
Ao contrário do Sobral e de Torres Vedras, Alhandra só ganhou verdadeira evidência a partir de julho de 1810. A perceção de que o inimigo podia colocar o seu esforço na ala esquerda do seu ataque, alterou as prioridades no estudo da defesa e na aplicação da mão-de-obra. Foram assim construídas nesta serra de Alhandra, para além das 8 obras da fase inicial, mais 6 fortes e 2 baterias ao longo do cume da serra, para garantir a posse dos pontos dominantes, alcançando no topo, a cota de 380 metros.
Em matéria de homens, sabemos Wellington ordenou que os fortes do Distrito Militar de Lisboa fossem guarnecidos de 300 artilheiros portugueses das Ordenanças, 140 artilheiros de linha e 40 artilheiros britânicos. Dois corpos de tropas da Divisão de Hill barravam o avanço no eixo de ataque principal do
distrito, a Estrada Real das Vilas. Entre Vila Franca e Alhandra, próximo da Quinta das Torres, estava colocada num 1º escalão a divisão do general Hamilton (subordinada à Divisão Hill) totalmente constituída por tropas portuguesas, tinha mais de 5.300 homens e preparou-se para aguentar o ataque dos franceses a 14 de outubro.


Informações e reservas

Posto de Turismo de Vila Franca de Xira
Telefone: 263 285 605
Telemóvel: 969 022 529
E-mail: varinoliberdade@cm-vfxira.pt

Informações e reservas

Posto de Turismo de Vila Franca de Xira
Telefone: 263 285 605
Telemóvel: 969 022 529
E-mail: varinoliberdade@cm-vfxira.pt

Direção Geral do Património Cultural Turismo Centro de Portugal Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa Alentejo Ribatejo ERT Algarve Visit Madeira Património.PT APECATE OPCTJ Rede de Castelos e Muralhas do Mondego