O turismo militar enquanto aposta na construção da identidade local Associação de Turismo Militar Português - ATMPT

O turismo militar enquanto aposta na construção da identidade local

À conversa com o Presidente da Câmara Municipal da Lourinhã

Localizada no litoral da Região Oeste, a vila da Lourinhã marca pelos extensos quilómetros de costa, praias de areia branca, enseadas e penhascos como pano de fundo.

 

Enquanto sede de Concelho, a Lourinhã tem elaborado um importante trabalho no que diz respeito ao seu legado histórico. João Duarte Carvalho (Figura 1), Presidente da Câmara Municipal da Lourinhã (CML) abordou os projetos que têm sido desenvolvidos no município no âmbito do Turismo Militar e, mais concretamente, das Invasões Francesas, assim como os planos para o futuro.

 

O principal foco do Município quanto à História e ao Turismo Militar centra-se, sobretudo, na primeira Invasão Francesa a Portugal, em 1808, a Batalha do Vimeiro, que determinou o fim da primeira invasão napoleónica e que garantiu a independência nacional. Em 2008, inauguraram o Centro de Interpretação da Batalha do Vimeiro (CIBV), “guardião da memória desta batalha. Congregando um espólio diversificado (…) que tem como missão o estudo, a investigação, a interpretação, a preservação, a divulgação e a ativação turística do património histórico-cultural e militar, material e imaterial, da Guerra Peninsular e, em particular, da Batalha do Vimeiro, mas também a conservação e inventário do espólio patrimonial, contribuindo para o fomento da identidade e crescimento pessoal dos indivíduos, fatores essenciais para a construção da identidade local e regional”, refere João Duarte Carvalho.  

 

O CIBV proporciona atividades para todas as idades, desde visitas guiadas, passeios pela aldeia do Vimeiro e visitas de campo, acompanhados de uma interpretação histórica dos acontecimentos, ou visitas temáticas, storytelling, oficinas e ateliês didáticos para os mais novos.

 

No Município da Lourinhã, os visitantes podem desfrutar de uma viagem no tempo durante o evento “Recriação Histórica & Mercado Oitocentista” (Figura 2), que se realiza todos os anos em julho, que conta com a presença de 200 recriadores nacionais e estrangeiros, composto por uma zona de Acampamento Militar e um Mercado Oitocentista.

 

Durante este ano de 2019, comemora-se os 250 anos do nascimento de Napoleão Bonaparte e de Sir Arthur Wellesley, o Duque de Wellington, e como tal, a Agenda Cultural do Município engloba a peça de teatro “Napoleão e Wellington e a Batalha que nunca aconteceu” (Figura 3), o Escape Game “Operação Regresso ao Passado” (Figura 4), o II Trail Run “Batalha do Vimeiro 1808” (Figura 5), o “III Battle Tour: Pelos Caminhos de Wellington”, o fim de semana de Acampamento Militar, a Conferência, os workshops de dança da época e o Concerto Comemorativo dos 250 anos do nascimento de Napoleão e de Wellington pela Orquestra Metropolitana de Lisboa.As várias atividades e iniciativas envolvem o Grupo de Recriação Histórica da Associação para a Memória da Batalha do Vimeiro (Figura 6), cujos recriadores, devidamente fardados à época, criam momentos de animação/recriação histórica que ajudam a transportar o visitante para os inícios do século XIX.

 

Quando questionado sobre a importância do Turismo Militar na atração de novos públicos e no desenvolvimento do Turismo da região, João Duarte Carvalho sublinha que “Os turistas procuram, cada vez mais, a vivência de experiências autênticas, geradoras de interação com o património. (…) As recriações são apresentações interativas que fazem com que os visitantes tenham a sensação que recuam no tempo e isso explica o sucesso deste tipo de atividade e a sua capacidade de captação de fluxos turísticos, sendo sem dúvida um fator que contribui para o desenvolvimento local e regional”. O Presidente da CML especifica, ainda, que o Turismo Militar “pode ser sem dúvida um ponto de viragem, visto tratar-se de um elemento diferenciador capaz de captar fluxos turísticos e aumentar o tempo de permanência dos visitantes na região, o que irá gerar dormidas e consumos e contribuir para a sustentabilidade territorial”.

 

Quanto aos números propriamente ditos, a procura dos visitantes tem aumentado de forma gradual. Em 2018, o CIBV contou com 9.000 visitantes. O evento “Recriação Histórica & Mercado Oitocentista” contou com a presença de 20.000 pessoas, mais 5.000 que no ano anterior.

 

Relativamente ao património material e imaterial, estão a decorrer prospeções arqueológicas no território do campo da Batalha, com o objetivo de classificar esse espaço, assim como pesquisa, levantamento, estudo e preservação de fontes históricas e informação da época e da batalha.

 

Uma das prioridades do Município é a requalificação do “espaço do Centro de Interpretação da Batalha do Vimeiro e o percurso pelo Vimeiro (…) no sentido de tornar todos os espaços alusivos à batalha e toda a comunicação acessível e inclusiva”, afirma o Presidente, tendo sido submetida uma candidatura ao Programa Valorizar do Turismo de Portugal.João Duarte Carvalho enfatiza que a grande aposta no âmbito do Turismo Militar passa pela “consolidação do trabalho desenvolvido ao longo dos últimos anos (…) cimentar as parcerias já existentes a este nível, tanto locais como nacionais. (Destaque para) a comunidade local, cuja ação é fundamental para preservar e divulgar esta temática (…) a Associação para a Memória da Batalha do Vimeiro (…) a Associação Napoleónica Portuguesa, o Ministério da Defesa Nacional, o Exército Português, a Associação de Turismo Militar Português, a Rota Histórica das Linhas de Torres Vedras, a British Historical Society of Portugal. Tendo como base estas parcerias, interessa trabalhar em rede, promovendo-se o Turismo Militar Nacional da época napoleónica”. O Senhor Presidente menciona, igualmente, a importância da internacionalização, criando condições para integrar este tipo de património nos roteiros turísticos napoleónicos europeus, aumentando a procura de visitantes internacionais.

 

A ATMPT convida-o a visitar o Município da Lourinhã e a descobrir uma importante parte da nossa história. Deixe que a memória dos nossos antepassados perdure, faça parte da História de Portugal!

 

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