Caminho pedonal ribeirinho que liga a vila de Alhandra à cidade de Vila Franca de Xira, com ligação às invasões francesas. Aproveite para passear neste local e desfrutar da encantadora vista sobre o tejo.
Para além das paisagens urbanas e campestres, do monte ou da planície, há agora um novo caminho para descobrir … um caminho que o põe lado a lado com o rio Tejo. Passear a pé ou de bicicleta, fazer jogging ou piqueniques, ou simplesmente descansar e apreciar a paisagem são algumas das possibilidades que este novo espaço lhe oferece.
Desenvolve-se desde a Casa Museu Dr. Sousa Martins, em Alhandra, até às imediações da Fábrica das Palavras – Biblioteca Municipal e Equipamento Cultural de Vila Franca de Xira.
A primeira fase da obra, até à zona da fábrica “Cimianto”, com uma extensão de 700 metros, foi inaugurada a 26 de fevereiro de 2005. É atualmente uma das áreas de desporto e lazer mais frequentadas do Concelho, constituindo-se já como um dos ex-libris de Alhandra.
A segunda fase, até Vila Franca de Xira, foi inaugurada no dia 4 de outubro de 2008. São mais 2000 metros, com largura a rondar os 4,25 metros úteis, na maior parte da sua extensão. À exceção de 300 metros de terreno natural, o restante caminho foi construído em aterro conquistado ao rio Tejo. Dispõe de via para passeio pedonal, de ciclovia para passeios em bicicleta e zonas de estar generosas.
A obra contemplou ainda o alargamento e estabilização da Plataforma Ferroviária contígua ao rio Tejo e a construção duma passagem superior à via-férrea. Esta constitui-se como o acesso do Caminho para a cidade de Vila Franca de Xira, junto ao Parque Urbano do Cevadeiro, funcionando ainda como Observatório ou Miradouro da paisagem circundante, para Este e para Oeste.
Realizada no âmbito do programa “Polis”, a obra contou com financiamentos comunitários; da Administração Central e da própria Câmara Municipal, representando um investimento total superior a sete milhões de euros, em prol duma melhor qualidade de vida no Concelho.
Tendo como cenário privilegiado o rio, os mouchões, a Reserva Natural do Estuário do Tejo, a Lezíria e outras maravilhas para os seus sentidos, são quase 3 km, à beira-rio, para seu pleno usufruto.
Entre Alhandra e Vila Franca de Xira, há um novo caminho para descobrir…
À época das Invasões Francesas, na região de Vila Franca passavam duas vias privilegiadas de acesso à capital do reino, que eram muito cobiçadas por Napoleão Bonaparte. O grande rio Tejo, no qual se transportavam, desde longa data, pessoas e mercadorias e paralelamente a este a Estrada Real de D. Maria I que ia de Santarém a Lisboa.
Foi por esta via que em 1807, os soldados de Junot (por ocasião da 1ª invasão francesa) atingiram rapidamente Lisboa, falhando por pouco o aprisionamento da família real portuguesa, acabada de embarcar rumo ao Brasil.
Remontemos a outubro de 1810 e procuremos imaginar as investidas da cavalaria francesa pela estrada ribeirinha, tentando perceber as fortificações que se erguiam na serra a norte da vila de Alhandra, que por sua vez estava completamente barricada e ocupada por tropas portuguesas.
Nesse mês, nos dias 14 e 16, deram-se 2 combates à entrada da vila. As patrulhas francesas tentaram progredir pela estrada real em direção a Alhandra, mas foram obrigadas a recuar perante a resistência do Regimento português de Infantaria 12.
A defesa de Alhandra e do Tejo era uma preocupação constante do duque de Wellington, que não hesitou em colocar canhões no alto da igreja matriz, que domina a
vila. Teve ainda a ideia de colocar peças de artilharia no mouchão de Alhandra, para impedir o avanço das tropas invasoras pela margem do Tejo, mas cedo concluiu que era mais eficaz uma defesa constituída por baterias flutuantes. Assim, naqueles dias chuvosos de outubro de 1810, uma flotilha de corvetas da Royal Navy e lanchas canhoneiras patrulhavam atentamente as águas em torno do mouchão, vigiando a estrada real. A partir das águas do rio é possível perceber essa posição estratégica de Alhandra e a vigilância que se fazia a partir daqui à estrada paralela ao rio.
Um documento da autoria de André Delagrave, coronel do Estado-Maior de Massena, intitulado Campagne de l'armée française en Portugal, dans les années 1810 et 1811, avec un précis di celles qui l’ont precédé, relata o episódio da morte acidental do jovem general francês Sainte-Croix:
Enquanto o 8º Corpo da armada francesa se estabelecia no Sobral, o 2º tomava posição próximo de Vila Franca, depois da cavalaria haver reconhecido e varrido todo o vale do Tejo. Foi nesta circunstância que o general Sainte-Croix foi morto. O inimigo retirou-se depois para a sua posição de Alhandra, um pouco adiante de Vila Franca de Xira.
Algumas lanchas canhoneiras mantinham-se no rio, e atiraram sobre as nossas tropas logo que nos aproximámos do Tejo. Mas resultaram na maior parte das vezes em tiros perdidos, que não impediam as nossas tropas de percorrer a costa, e de capturar dos barcos que o vento ou a corrente lançavam para esta margem. No entanto, sendo incómoda esta vizinhança, foi decidido estabelecer-se uma bateria numa colina, a partir da qual se pudesse interferir com estas canhoneiras, e tornar a sua tarefa um pouco mais difícil. O inimigo percebeu e começou a apontar para os trabalhadores sem grande efeito. Como ele apontava/disparava de baixo para cima, com um ponto de apoio muito móvel e um terreno muito irregular, a bala ricocheteou ao acaso e foi desperdiçada.
Foi por uma dessas balas fortuitas que o general Sainte-Croix foi atingido, quando o mesmo descia por um caminho em que seria impossível ter sido visto pelo inimigo.
Esta morte foi considerada uma enorme fatalidade real. o general Sainte-Croix era um brilhante e valoroso militar; havia enfrentado a morte numa série de ocasiões perigosas, e acabou por recebê-la num momento assim.
Este episódio da morte do general de cavalaria francês Sainte-Croix é um dos que mais recorrentemente se conta. Sainte-Croix defendia convictamente um ataque direto às Linhas e durante um reconhecimento junto ao rio, perto de Vila Franca, acabou por ser morto pelo tiro certeiro de uma lancha canhoneira, perda que foi muito sentida pelo próprio marechal Massena, que lhe reconhecia muito valor.
Entidade | Rota Histórica das Linhas de Torres |
---|---|
Website | https://www.cm-vfxira.pt/pages/1655?poi_id=279 https://www.rhlt.pt/pt/portfolio/passeio-ribeirinho-de-vila-franca-de-xira/ |
GPS | 38.9521, -8.98793 |